sexta-feira, 2 de maio de 2008

Elas dominam

Por Maíra Elluké

Que o jornalismo é dominado pelas mulheres isso já não é mais novidade. Quando se fala em editoria de moda então, aí sim o assunto fica predominantemente entre elas

Desde que ela nasceu, vive entre as bonecas. Aquele troca-troca de roupas encanta essa sonhadora de pouca idade. A menina virou adolescente e a paixão pelas bonecas e suas inúmeras combinações de calças, blusas, vestidos e sapatos ainda perdura. Chegou a hora do vestibular e a jovem decide fazer faculdade de jornalismo. Mas o entusiasmo pela moda ainda está lá de certa forma, adormecido. Depois de quatro anos num curso com muita teoria e que entre outras coisas aprende-se a escrever bem, ela parte pra área que causa frisson em qualquer um que ama o assunto.

A protagonista desse roteiro é a editora de moda do Jornal da Comunidade, Beatriz de Oliveira, 24. A brasiliense de nascimento e (agora) paulistana por opção, está no ramo há cinco anos e atualmente faz especialização em Jornalismo de Moda e Estilo de Vida na Universidade Anhembi Morumbi, localizada num dos bairros mais nobres da terra da garoa. De Brasília, onde se formou no Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB), a jovem jornalista foi de mala e salto alto para a grande metrópole em busca de mais oportunidades no mundinho fashion. Bia, como prefere ser chamada, diz que não se via em outra editoria e que trabalhar com moda é uma realização não só profissional, mas principalmente pessoal. “Moda é minha vida. Unir um assunto que eu gosto com o trabalho, realmente não tem preço”, declara.

A jornalista apaixonada por moda, Beatriz de Oliveira

Ser jornalista da editoria de moda é muito mais do que só fazer editoriais de moda, ir à desfiles, cobrir eventos badalados e fazer matérias sobre as celebrities do momento. É acima de tudo estar “antenada” com o mundo e ter uma atitude crítica sobre as novidades que surgem dia após dia. A cobertura de Moda exige especialização como qualquer outra editoria. Além disso, para ser uma jornalista de moda de sucesso, a candidata precisa ter um conhecimento detalhado sobre vestuário, indumentária, tecidos, tipos de costura, estilismo, história da arte e da moda, marketing, estética e design.

E de pensar que ainda existem aquelas cabeças que insistem em errar ao definir o assunto como fútil e sem importância. “Infeliz engano. A moda hoje está em todos os lugares. É um assunto que querendo ou não e mesmo sem perceber, um dia estará na pauta de conversas dos amigos e conhecidos”, afirma a jornalista de moda, Iesa Rodrigues. Uma das mais festejadas personagens da moda paulistana, Iesa, que é autora de vários livros em que o mundo fashion é o tema principal, trabalha na grande imprensa desde 1990. Desde então, já passou pelos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e pelas revistas Vogue e Elle, atuando como colaboradora e colunista em editoriais e reportagens sobre moda. Atualmente é editora-chefe de moda do Jornal do Brasil. Em recente passagem por Brasília, Iesa palestrou para uma turma de futuros jornalistas de moda. Entre os presentes, cerca de 85% eram do sexo feminino. Para ela, o campo é dominado por meninas por uma simples razão. “As mulheres têm mais sensibilidade em lidar com o assunto e de uma forma ou de outra, ainda estão mais ligadas à moda do que os homens”, conclui.

Para a psicóloga comportamental do Instituto Agilità, Sílvia Celegrini, há uma explicação científica para justificar o porquê de tantas mulheres adentrarem no campo do jornalismo de moda. A moda está totalmente ligada ao consumo. O consumismo e a vontade de comprar, de possuir determinados bens estão diretamente interligados aos desejos e vontades. Sílvia explica que essas definições teóricas parecem complicadas, mas na prática são mais fáceis do que imaginamos. Muitas mulheres são loucas por sapatos e roupas. Muitas dessas são consumistas de carteirinha e para muitas delas, estar num campo de atuação profissional em que podem acompanhar as novidades da moda é sinônimo de sucesso, mesmo que muitas delas não tenham condições financeiras para consumir as grandes marcas, usadas pela maioria de suas fontes. Ou seja, “por já estarem perto de pessoas que consumam itens de grifes famosas, muitas mulheres já satisfazem alguns de seus sonhos de consumo”, explica a psicóloga.

A definição de Sílvia Celegrini pode parecer, para algumas, preconceituosa, mas o fato é que as mulheres dominam o campo do jornalismo de moda, seja por gostarem de ver pessoas bem vestidas, seja para poder acompanhar de perto as principais tendências da moda mundial e ainda escrever sobre o assunto. É o que revela dados da Giselle Najjar Press & Co, empresa que foi responsável pela assessoria de imprensa do São Paulo Fashion Week por 11 anos. Os números mostram que na edição de verão de 2007 do evento, foram credenciados 236 jornalistas nacionais e internacionais, de mídia impressa, rádio, TV, internet e fotógrafos, para fazerem a cobertura do SPFW. Entre todos esses profissionais, 195 eram mulheres, o que prova, assim como um mais um são dois, que a mulherada do jornalismo gosta mesmo de moda, seja pela herança da infância entre as bonecas, seja pela curiosidade de descobrir o que rola nas passarelas e nos eventos em que os fashionistas fervem.

Foto: Maíra Elluké

4 comentários:

Anônimo disse...

Gata, adorei a matéria, teu texto reflete seu jeito de falar! Só a minha foto que ficou meio esquisita, realmente meu cabelo fica melhor mais claro. Tô com saudade de ser loira (rs)! Sucesso no blog e na vida!!! Nos vemos no feriado, né? Sampa te espera, girl! Küüssss (lembra?) ;)

Anônimo disse...

Maíra Elluké, a próxima repórter da Elle Brasil... em breve estará nessa editoria tb, não é flor? Matéria bacana!!! texto leve e gostoso de ler. um beijo

Mônica Plaza disse...

Oi Maíra, não sei se vc vai lembrar de mim, mas fui a Recife cubrir os Jogos dos Povos Indígenas. Gostei muito do seu texto. Acho que vc deveria conversar mais c a Juliana Curi, pois ela tb gosta muito de moda. Aliás, o trabalho final dela será um pouco sobre o assunto. Concordo com vc. Falar de moda não é futilidade, é um bem muito necessário.

As Calcinhas Delas disse...

Bia e Fê... Obrigada pelos elogios!!! Afinal, todas nós sabemos que quando se trabalha com o que se gosta, tudo fica 100% melhor, não é mesmo??? Mônica, é claro que me lembro de vc... Depois vou bater um papo com a Juliana para trocarmos algumas figurinhas sobre o mundo da moda!!!
Valeu pela dica!! Beijos e até a próxima!