sábado, 24 de maio de 2008

O centenário da musa

Por Larissa Itaboraí


“Sempre vivi do teatro, no teatro, com o teatro e para o teatro”


Uma das grandes musas e incentivadoras do teatro comemora o centenário de seu nascimento em 2008. Dulcina de Moraes, filha dos grandes atores teatrais, Átila de Moraes e Conchita de Moraes, ingressou nos palcos ainda muito jovem, na verdade desde seu nascimento (3 de fevereiro de 1908, Rio de Janeiro) e exerceu diversos papéis nos bastidores dessa arte. Trabalhou como atriz, produtora, diretora e até lecionou artes cênicas.

Considerada a grande dama do teatro nacional, Dulcina, criou em 1955 a Fundação Brasileira do Teatro (FBT), no Rio de Janeiro, com o intuito de aprimorar as técnicas teatrais. A criação dessa nova ferramenta para o aperfeiçoamento de profissionais do teatro, deu-se da parceria de Dulcina com seu marido, Odilon Azevedo. Essa parceria foi responsável pela formação de atores extraordinários do teatro brasileiro.

Essa mesma FBT, anos depois, mais precisamente no início dos anos 70, foi transferida para Brasília, dando origem ao Teatro Dulcina de Moraes e a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, primeira instituição de artes a ser reconhecida no país. A dama do teatro foi a sétima geração de uma família de artistas, “Nasci no Teatro. As mamadeiras tomei-as ouvindo estudar papéis, ao sabor das excursões de meus pais, aqui e ali, onde fui educada”.

Diante dessa grande comemoração, a Biblioteca Demonstrativa de Brasília, juntamente com a Faculdade de Artes trouxe a exposição Dulcina de Moraes – 100 anos, fixada no espaço cultural da biblioteca, a exibição apresentou mais de 50 peças utilizadas pela própria Dulcina durante sua vida, como livros, peças de seu vestuário e fotografias. Infelizmente a exibição desses objetos já foi finalizada pela curadoria, e mais de 540 assinaturas foram gravadas no livro de presença.

Porém, para quem deseja apreciar um pouco mais sobre essa grande figura do teatro, no quinto andar da FBT, estão alguns objetos da diva teatral, como escritos de próprio punho, álbuns de fotografia, documentos pessoais, cartas, discos, entre outras lembranças. A idéia é produzir uma Sala de Memória com o acervo que a atriz deixou, projeto de sua sobrinha e admiradora, Vera Moraes.

É esse o brilho deixado pela dedicação de uma mulher que fez tanto pelo teatro brasileiro, onde se comunicava com gestos e olhares. “A ela, nós devemos a segunda-feira de folga, o fim da carteirinha de prostituta para atriz, a presença do autor brasileiro nos palcos do Brasil.” Relato de Fernanda Montenegro.
Morreu em 1996, em Brasília.

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