quarta-feira, 7 de maio de 2008

A Violência que amedronta

Por Jessyka Albuquerque

A violência doméstica contra a mulher é um fato muito grave que atinge milhões de pessoas em todos os lugares. Trata-se de um problema que não costuma obedecer a nenhum nível social ou econômico, orientação religiosa ou aspecto cultural específico, como poderiam pensar algumas pessoas.

Isso acarreta duas conseqüências muito graves: primeiro, o sofrimento indescritível das vítimas (muitas vezes silenciosas); o segundo é que, comprovadamente, a violência psicológica ou sexual impede o bom andamento físico e mental da pessoa.

A violência física, que se manifesta de forma mais contundente, vem, quase sempre, seguida da psicológica. Raramente a violência já começa na forma física; na maioria das vezes, já teve antecedentes psicológicos. Isso é índice de que a dor que se manifesta no corpo, habitualmente segue marcas imperceptíveis – mas vigorosas – que são deixadas pela ação devastadora que a mulher sofre no aspecto psicológico.
Os órgãos de defesa da mulher promovem diversas campanhas incentivando as mulheres a denunciarem seus agressores. Muitas vezes, elas não o fazem por medo, ou até por apelo emocional do agressor, que promete mudar. Algumas até fazem, mas se arrependem e retiram a queixa.

Por isso, em agosto de 2006, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lei Federal Maria da Penha (nº. 11.340/06), que obriga o agressor a ser julgado. E poderá ser condenado, mesmo que a vítima não tenha denunciado o crime. Essa medida foi tomada para que mais agressores possam ser presos, já que um grande número fica impune. A denúncia pode ser feita por um parente ou por alguma pessoa que tenha testemunhado a agressão e, mesmo que a mulher não queira que o agressor seja julgado, ele terá de ser, conforme a lei.
A psicóloga Tatiane Silva de 34 anos, que atua como psicóloga e agente policial na Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), conta que, em palestras promovidas pela polícia, é comum as pessoas, ao final da palestra, se sentirem motivadas e denunciarem seus agressores. Na delegacia, eles recebem, em média, de cinco a dez denúncias por dia.

Ao contrário do que se possa imaginar, a violência doméstica no Distrito Federal não costuma acontecer só nas cidades satélites. Infelizmente, a violência é perversamente democrática, acontece em todas as cidades e estratos sociais. Contudo, normalmente, as pessoas de menor poder aquisitivo denunciam mais. Pessoas com maior poder aquisitivo evitam fazer as denuncias devido à posição social, com medo de escândalos.

Normalmente, as mulheres vítimas da violência têm uma tendência a voltar pra casa, perdoar seu agressor e sofrer novamente o mesmo tipo de agressão, mas permanecer calada e aceitar a situação. Além disso, costumam ficar depressivas e com síndrome de perseguição. “Para isso temos na própria delegacia um programa de aconselhamento, de atendimento psicológico, que ajudam a vítima a se restabelecer socialmente.”, diz Tatiana.

O principal motivo utilizado pelos agressores para justificar a agressão é o ciúme. Normalmente, cometem a violência após se alcoolizarem ou se drogarem, pois assumem uma personalidade mais corajosa, motivada pelo efeito desses entorpecentes.

Para mudar esse quadro de aumento da violência, a delegada Tatiana dá uma dica às vítimas: “O ideal a ser feito é ter bastante diálogo dentro do lar, mas se isso não adiantar, a delegacia da mulher tem profissionais competentes que conduzirâo a situação da melhor maneira possível. Pois só assim poderemos mudar esse quadro vergonhoso de violência doméstica.”.


A DEAM (Delegacia de Atendimento a Mulher) fica na EQS 204/205 e os telefones são: 3442-4300 e 3244-3400.

2 comentários:

Unknown disse...

excelente abordagem do assunto, texto enxuto e sucinto além de conter informações relevantes.parabéns, ótimo tema

Mônica Plaza disse...

O blog está muito massa!! =D